02 Dezembro de 2019 | 19h29 - Saúde
Angola registou, desde Maio último, o surgimento de novos casos de pólio, que afectaram 49 crianças.
Para dar resposta a esse problema de saúde pública, o Governo Angolano vacinou pelo menos 4.5 milhões de crianças, em 15 das 18 províncias do país.
As autoridades estão a dar respostas ao surto, seguindo directrizes acordadas internacionalmente, incluindo o reforço das actividades de vigilância para detectar rapidamente outros casos.
Para o sucesso dessa resposta, a OMS referiu, em comunicado, que é necessário o envolvimento das autoridades governamentais a todos os níveis, da sociedade civil e da população em geral, a fim de assegurar que todas as crianças com menos de cinco anos de idade sejam vacinadas.
"A campanha de vacinação contra a poliomielite é fundamental para controlar o surto de poliomielite. Todos nós, em conjunto, devemos trabalhar para sensibilizar as famílias e comunidades para a necessidade de vacinar todas as crianças", lê-se no seu comunicado.
A organização destaca ainda a necessidade de se reforçar a vigilância das doenças e o sistema de vacinação de rotina, para detectar, prevenir e responder rapidamente a qualquer transmissão da doença.
De acordo com o seu representante em Angola, Hernando Agudelo, perante os desafios para garantir a imunização de todas as crianças, há necessidade de o País permanecer resiliente nos esforços de vacinação e vigilância epidemiológica, para que nenhuma criança fique em risco de contrair paralisia.
A resposta ao surto de poliomielite, reforçou Hernando Agudelo, requer um enorme esforço de coordenação multissectorial.
Nesta jornada, a OMS e parceiros da Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite, nomeadamente o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Rotary International, Centro de Controlo de Doenças dos EUA (CDC), Fundação Bill e Melinda Gates (BMGF) e outras partes interessadas têm apoiado o Governo de Angola em acções estratégicas para interromper a transmissão da poliovírus.
Como resultado dos esforços da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, lançada em 1988, dois dos três tipos de poliovírus selvagem foram erradicados globalmente.
O último caso de poliovírus selvagem na região africana foi detectado no Estado de Borno, na Nigéria, em 2016. A região espera ser certificada livre dos três tipos de poliomielite selvagem em 2020.
África, segundo a OMS, está a enfrentar, em 14 países, incluindo Angola, surtos de um vírus da poliomielite tipo 2 (cVDPV2).
Adianta que se ocorrer uma circulação prolongada em muitas crianças, devido à baixa cobertura de vacinação contra a pólio, o vírus em cada replicação sofre mutações.
A única maneira de se interromper a circulação deste vírus derivado da vacina é através da implementação de duas ou mais rondas de campanhas de vacinação, utilizando a vacina pólio oral do mesmo serotipo que o vírus circulante.
Em Angola, foi confirmado laboratorialmente a circulação do vírus tipo 2 e está a ser utilizada a vacina pólio oral monovalente tipo 2.
O poliovírus derivado da vacina não é um efeito adverso pós-vacinação, nem depende da qualidade da vacina, mas sim um evento que acontece quando há uma baixa cobertura vacinal contra a poliomielite na comunidade.
Os países que registam surtos de poliovírus derivados de vacinas em África são: Angola, Benim, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Etiópia, Gana, Níger, Nigéria, Togo e Zâmbia.
A organização aponta como causa para impedir a circulação do vírus a fraca cobertura de vacinação de rotina, a recusa de vacinas, o difícil acesso a serviços de saúde.
A poliomielite é uma doença viral transmitida de pessoa para pessoa, principalmente através da via fecal-oral através de água ou alimentos contaminados.
Embora não haja cura, a doença pode ser prevenida pela administração de uma vacina simples e eficaz. Esforços estão em curso em todo o país para aumentar rapidamente os níveis de imunidade em crianças, e protegê-las da paralisia da poliomielite.